Pablo Morethson

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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Áudio&Tecnologia - Compressão

Partes deste texto foram traduzidos e adaptados por Pablo Morethson. Conceito e aplicação de compressão no áudio extraídos do livro Dance Music Manual, vol.2. Rick Snowman. Editora Focal Press.




Está vendo essa imagem acima? Talvez você se pergunte o que seria isso? Que tipo de dispositivo seria esse? Isso é um compressor. Aliás um compressor muito famoso, o Fairchild 670, considerado o Santo Graal dos compressores analógicos. Esse modelo de compressor foi usado na famosa música de Phil Collins, "One more night".

 Mas o que é um compressor? Pra que serve?

Basicamente um compressor, serve para comprimir, a própria palavra já diz isso. Em outras palavras podemos dizer que o compressor é um processador de efeito, do efeito de compressão do áudio. De todos os efeitos e processadores disponíveis, usados principalmente na música eletrônica, o compressor é possivelmente, a ferramenta vital, a mais importante para se alcançar aquele som atípico característico em muitas tracks do gênero eletrônico, mas é usado também no estilo Rock, Hip Hop, Big Beat. Sem a compressão, a linha de bateria de uma música, por exemplo, soaria fraca, sem peso em comparação com os demais instrumentos da mix. Sem a compressão, a mixagem de uma música poderá apresentar lacunas, buracos em relação à perspectiva de profundidade e de base, vocais e instrumentos que precisam de destaque na música, como riffs de guitarra por exemplo, soariam fracos e sem qualquer presença. Mas apesar de sua importância, o compressor é o processador menos compreendido de todos os processadores usados numa mixagem.

A razão pela qual o compressor foi originalmente introduzido, foi para reduzir o alcance da dinâmica de uma performance, abordagem que é praticamente indispensável e vital quando se trabalha com qualquer gênero musical. Não importa como você grave o áudio, se é através de um computador, sampler ou algum gravador. O que você deve ter em mente é capturar, gravar o sinal de aúdio o mais alto possível, para que assim, você possa previnir artificialmente o aumento de volume que pode ocorrer mais tarde. E isso ocorre porque se você grava o áudio de uma fonte que é muito baixa e depois tenta artificialmente adicionar volume àquele sinal baixo, não só aumentará o volume do sinal gravado como também aumentará qualquer ruído de fundo (background noise). O volume do sinal aumenta e traz consigo todo o ruído de fundo que foi captado pela gravação o tornando perceptível. Para prevenir isso, você precisa gravar o sinal o mais alto possível. O problema é que vocais e sons de instrumentos reais possuem um enorme alcance de dinâmica. Em outras palavras, por exemplo, os vocais podem ser mais baixos em uma parte da música e subitamente se tornam altos em outras partes ( principalmente na transição da estrofe - verse  para o refrão - chorus ). Consequentemente, é impossível estabelecer uma média, estabelecer qual volume de gravação é o ideal devido a tantas variações de movimento na dinâmica de um vocal . Claro que você pode trabalhar nisso por aumentar e diminuir o volume usando os faders (botões que aumentam e diminuem o volume) onde está muito baixo você aumenta, onde está muito alto você diminui. Mas, ao invés de fazer isso, é muito mais fácil você usar um compressor que controla os níveis automaticamente. Fazendo o roteamento do áudio, do compressor até a fonte de gravação, você pode estabelecer um limite no compressor. Qualquer som que exceda no volume, o compressor automaticamente o diminuirá. Isso te possibilitará a gravar sons num volume mais alto sem a preocupação do clipping( distorção).

Um compressor poderá ser utilizado também para controlar a dinâmica de um som enquanto você estiver mixando uma música. Por exemplo, uma música de estilo dance que usa um timbre de baixo real terá bastante alcance de dinâmica no campo estéreo mesmo se você o comprimir durante a gravação. Isto irá causar problemas na mixagem, porque se o volume é ajustado para que as partes mais altas da  música fiquem de acordo com os demais elementos dentro da mix, as partes mais baixas poderão ser inaudíveis em relação aos demais instrumentos. E reciprocamente se o fader de volume está estabelecido para que as partes mais baixas da música possam ser ouvidas, na transição da parte mais baixa para a mais alta, as partes altas se tornarão muito proeminentes. Isso tornará a música muito desagradável de se ouvir. Usando a compressão, mais especificamente na parte alta da música, o alcance da dinâmica pode ser limitado, restrito, permitindo assim que essa parte se harmonize juntamente com os demais elementos dentro da mixagem. Apesar desse tipo de problema ter sido o motivo pelo qual os compressores foram originalmente usados, as  aplicações de compressão são largamente usadas para outras finalidades, principalmente na dance music e no hip hop.

Vou dar um breve exemplo aqui de uma das aplicações de um compressor. Primeiramente dê uma olhada na versão virtual do famoso Fairchild 670.




É bom lembrar que qualquer tipo de compressão deve ser evitada durante o processo de gravação. No vídeo abaixo você pode conferir um loop de bateria passando por um compressor Fairchild 670 na versão virtual do mesmo. Eu uso a versão virtual, até mesmo por questões financeiras, mas posso garantir que com uma boa placa de som profissional você poderá alcançar resultados muito bons, basta apenas entender como um compressor funciona e usá-lo com critério. No loop de bateria desse vídeo podemos notar que a parte que consiste num alcance de dinâmica com muita energia, e consequentemente a parte mais alta do loop é o Kick Drum ( Bumbo). Com isso em mente, se um compressor é insertado num loop em particular e o botão de threshold (limite) é estabelecido abaixo do pico de volume da parte mais alta do loop, cada vez que o Kick Drum for ouvido, o compressor será automaticamente acionado.  Você pode estabelecer o threshold abaixo do pico de volume do Kick Drum. Você pode fazer isso por observar no meter de volume a redução no ganho e por se certificar que isso ocorre a cada vez que o kick é ouvido. Estabeleça o botão de Ratio do compressor em 4:1, isso significa que cada vez que o threshold exceder 4dB de volume o compressor irá reduzir o sinal para que somente 1dB de ganho passe para fora do compressor (output). O tempo de ataque deve ser rápido, e enquanto o loop estiver tocando, vá mexendo no botão de release para ver o que acontece. Note que assim que você diminui o release, o loop começa a ficar com um aspecto pump, ou seja, você notará que ele está soando com mais dinâmica, com mais feelling. Isso se dá pois o compressor ativa o Kick Drum e então rapidamente leva o kick pra baixo do threshold. O resultado é uma rápida mudança no volume, produzindo um efeito pumping assim que o compressor é ativado e desativado cada vez que o kick é ouvido. Nesse vídeo abaixo, você verá uma demonstração da aplicação de um compressor em um loop de bateria. O conceito que passei a vocês nesse artigo poderá ser usado em qualquer loop  que escolherem para trabalhar. É claro que há muito mais aplicações de um compressor do que aquilo que foi abordado aqui, mas se você se fez aquela pergunta no começo do artigo para que serve um compressor, agora já sabe pelo menos para que ele foi originalmente inventado.




Pablo Morethson

12/07/2012




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